No início deste ano, o ministério encomendou ao laboratório público
Farmanguinhos, da Fiocruz, quantidade de medicamento oseltamivir
(Tamiflu) suficiente para tratar 1,5 milhão de pessoas, o dobro do
solicitado em 2015, quando 769 mil tratamentos foram pedidos. Além da
nova remessa, o ministério conta ainda com 1 milhão de tratamentos em
estoque.
A encomenda de 2016 é a segunda maior em sete anos, inferior apenas
ao volume pedido em 2010, quando ainda acontecia a pandemia e o
ministério comprou da Farmanguinhos 1,7 milhão de tratamentos, conforme
dados do próprio laboratório. Com o fim do surto no mesmo ano, o estoque
de medicamentos comprado do laboratório público foi suficiente ainda
para abastecer o País nos anos de 2011, 2012 e 2013.
A estimativa do número de pessoas que serão tratadas neste ano pode
crescer ainda mais se forem incluídos os lotes do medicamento nas
dosagens infantis. Como a Farmanguinhos produz apenas as unidades de 75
miligramas, para adultos, a versão do oseltamivir para crianças é
comprada do laboratório Roche. A empresa não informou quantas unidades
foram pedidas neste ano, mas afirmou que, no ano passado, foram vendidas
ao governo federal 558 mil caixas do Tamiflu nas dosagens de 30 e 45
miligramas.
O ministério informou que a compra de medicamentos no Sistema Único
de Saúde (SUS) segue o cronograma e a compra de oseltamivir é uma medida
preventiva para evitar o desabastecimento em Estados e municípios. De
acordo com o órgão, a distribuição do remédio está regular em todo o
País e é feita conforme demanda estadual.
Para a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante da Sociedade Internacional
de Influenza e Doenças Respiratórias, o volume de antiviral encomendado
pelo ministério reflete preocupação com o impacto da epidemia neste ano.
"Com o que está acontecendo em São Paulo, com casos precoces e óbitos, o
ministério talvez esteja com uma preocupação de que esse surto possa
ser igual aos de 2009 e 2013", diz ela. No ano da pandemia, 2.060
pessoas morreram no País por complicações do H1N1. Em 2013, segundo pior
surto, foram 768 óbitos. Em 2016, já são 71 vítimas, mas o período de
pico de casos costuma ocorrer no inverno.
Matéria de Fabiana Cambricoli - O Estado de S. Paulo - 07/04/2016
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